Um equívoco e uma bobagem

Day 1,547, 04:42 Published in Brazil Brazil by Varnhagen
Meus caros amigos,


Lembro que na minha vida pregressa, por uns 12 meses acreditei profundamente que era possível transpor, ainda que de forma não mecânica, conceitos e estruturas de pensamento do “mundo real” para o “emundo”. E me via fazendo contorcionismos conceituais de corar Conde Drácula, na tentativa de construir aproximações e pontos de convergência entre eles.

É óbvio e ululante que o jogo não inventou um sistema político novo nem novas relações de mercado, estranhas ao mundo real. Mas, é forçoso reconhecer, as ligações param por aí: pelo modelo republicano e seus penduricalhos, pela forma democrática de escolha dos mandatários, pelo sistema econômico baseado no mercado e, em parte, sujeito às leis de mercado. Digo em parte porque a imprevisibilidade deste, em virtude de constantes mudanças nas “regras do jogo” e de elementos externos que podem operar no mercado, como um verdadeiro “deus ex machina”.

É comum observarmos na mídia, de tempos em tempos, artigos que propõem pensar o eRepublik a partir de conceitos do mundo real e, o que é pior, transpondo mecanicamente esses mesmos conceitos para o jogo. Às vezes sem mesmo uma tentativa de adaptação, de reelaboração, de forma pura e seca. E aí perdemos algo de fabuloso que o jogo nos proporciona: a partir do que é dado, refletir e criar, dentro dessa e-realidade, modelos explicativos próprios, conceitos e paradigmas que nos permitam explicar e desvendar os meandros do jogo, de forma mais aprofundada.

Aqui não somos fascistas ou comunistas in game. É impossível assaltar o poder (excetuados os casos de TO, mas aí é outra coisa), assim como criar um sistema ditatorial, fechar o congresso, expropriar o indivíduo, fazer uma reforma agrária, criar censura ou executar seus oponentes. É possível, isso sim, criar mecanismos de distribuição de renda, políticas compensatórias ou assistenciais e por aí vai. Mas fica nisso. O resto é conversa fiada ou ingenuidade que, efetivamente, não contribuem para o bom andar da carruagem, como se diz em Minas.

Entender isso é dar um passo a mais dentro do jogo, se libertando de amarras inúteis e criando a possibilidade de experimentar e pensar o e-mundo a partir de novas nuances e novos matizes. O resto, como também se diz em Minas, “é café pequeno”.

Um abraço, ex cordis,
Varnhagen, aka Mahdi