[BS] Análises Diplomáticas #1

Day 2,108, 12:55 Published in Brazil Brazil by Dio Vigon
Trilha Sonora para a leitura




Olá, pessoal!

Em primeiro lugar, farei uma explanação sobre grandes mudanças do eRepublik que alteraram a forma com que a diplomacia se compõe no jogo e, em seguida, um panorama sobre o Brasil do passado e o Brasil atual, no âmbito diplomático.




No Mundo

Quando entrei no eRepublik, em março de 2010, o eBrasil pertencia à PHOENIX, uma aliança que dividíamos junto com Sérvia, Hungria, Argentina, Rússia, França, Alemanha, entre outros. O jogo era diferente, havia menos batalhas, menos RWs, menos dano permitido (havia limite diário de lutas) e, por isso, o ritmo do jogo era mais lento do que o atual.

O eBrasil já possuía, em suas regiões originais, quatro dos cinco bônus de produção existentes (ferro para armas, petróleo para os moving tickets, madeira para as casas, grãos para a comida) e nosso único déficit eram os diamantes, que existiam em 3 regiões da África do Sul (Limpopo, Eastern Cape e Gauteng). Por isso, junto com a Argentina e a Indonésia, sempre vislumbramos o sonho de controlar a África do Sul e deixar uma das regiões com cada um dos três integrantes da BIA.

Ainda em 2010, o eRepublik saiu da V1 para a V2 (o chamado eRepublik Rising) e todos os bônus mudaram. O diamante dos gifts se transformou no titânio dos helicópteros e, pouco depois, tudo se transformou para os bônus que temos hoje. Uma forma de equalizar os benefícios entre países, já que o próprio Brasil era um dos mais beneficiados na antiga divisão.

Desde então, se tornou necessário agregar regiões próximas à sua capital para obter bônus de produção, tendo em vista a obrigatoriedade de existir “rota de comércio” com a capital, o que antes não era requisito. Essa limitação regional acabou com regiões famosas de produção de ferro, como Karnataka, HelloKitty, LionKing, Rhone Alps. Os países precisaram readaptar sua diplomacia e os conflitos regionais se tornaram cada vez mais constantes.

Junto com isso, veio a mudança nos MPPs. Antigamente, ao assiná-los, eles só se tornavam ativos se o país fosse atacado. Por isso, não bastava apenas assinar MPPs, se você fosse o atacante, ativaria os MPPs do inimigo, sem que os seus fossem ativados. Foi a era de ouro dos exércitos móveis, inclusive o brasileiro, um dos mais requisitados. Vejam portanto que, até aqui, são duas as mudanças cruciais no processo diplomático do eRepublik: nas matérias-primas das regiões e nas regras de MPPs.

Apenas isso já bastaria, mas a cartada final para existir uma quantidade absurda de guerras no eRepublik foi a inclusão da proposta de Inimigo Natural. Antes era preciso pagar um alto preço em gold para declarar guerra, um preço que variava de acordo com o tamanho do país atacante. Depois da inclusão da proposta, todo mundo declara guerra em todo mundo o tempo inteiro.

Quem diz que o principal módulo do jogo é o militar, está inteiramente correto. O que não significa que seja o único fator determinante para vencer uma guerra. Antes era possível vencer guerras com exércitos muito menores. Bastava um pouco de criatividade, um pouco de conhecimento tático e paciência para agir no momento certo. Hoje isso não existe mais e tudo que se vê é um embate de exércitos, dependendo cada vez mais de tanques e seus cartões de crédito. Porém, a diplomacia continua sendo fundamental para que um país consiga engendrar composições que o beneficiem. Sem isso, a única dúvida é quem despeja mais dano.




No Brasil

Como a grande maioria dos políticos do eBrasil, comecei trabalhando no âmbito partidário, na época do PRO. Acabei migrando igualmente rápido para o âmbito nacional e, pelo contato constante com estrangeiros, enveredei para a diplomacia nos últimos 3 anos. Tive o prazer de trabalhar com bons MoFAs, sem dúvida nenhuma, expoentes de uma grande época diplomática no país.

Por excesso de participação, acabei estando presente em quase todos os momentos determinantes do período: TO húngaro na África do Sul, saída da PHOENIX, aproximação com os EUA, criação da PANAM, fim da BIA, nascimento da TEDEN, cisão Chile/Argentina, saída da TERRA, aproximação com a Espanha, projeto CTRL, entre outros. É claro que não fui titular em todas essas ações, mas tive um contato que, naturalmente, me trouxe perspectivas diferentes de cada período.



Em uma análise comparativa, é fácil diferenciar a forma com que o eBrasil (comunidade) lidava com a diplomacia até junho de 2012 e como passou a lidar a partir daquele mês. A diplomacia era vista como um tema em que as decisões tinham que ser democráticas e, quando não o fossem, viessem munidas de benefícios bem definidos. Foi sempre assim, desde 2008.

As competências não se misturavam: militares lidavam com a parte militar, diplomatas com a diplomacia, economistas com a economia, etc. O perfil de cidadão generalista não era difundido. A partir de junho de 2012, passamos a ver a interferência de um forte grupo militar na diplomacia. Não apenas buscando difundir sua visão, mas usando de artifícios não diplomáticos para alterar decisões democráticas.

Este artigo, porém, não tem intuito de julgar qual visão diplomática estava ou está correta, mas sim de expor as consequências que a interferência paramilitar causou na diplomacia do eBrasil e, por conseguinte, em toda nossa sociedade.



Deixamos que a política partidário, interna, interferisse na imagem que o eBrasil passa ao resto do mundo. Os aliados já não possuem a confiança de outrora, já que o nosso apoio, antes incondicional, hoje varia de acordo com o direcionamento do poder vigente. E os inimigos, cientes da nossa fragmentação, se aproveitam de nossos conflitos para, inclusive, influenciar na nossa política interna.

No passado, seria inconcebível um grupo político brasileiro apoiar grupos político-militares estrangeiros em detrimento de outros grupos brasileiros. Basta que se analise as rivalidades de outrora: PDB x UB, ODIN x ANP, coligação x PDB/ODIN. Em nenhum desses períodos a diplomacia brasileira foi afetada diretamente pelos conflitos internos e, na minha avaliação, foi isso que sustentou a entidade máxima, que é o eBrasil. Quer brigar? Vamos brigar, mas sem que isso prejudique a soberania nacional.

A PHOENIX não renasceu, a ONE já morreu, a TERRA acabou, a CTRL passou, a EDEN sucumbiu. Nada do que existia no passado permaneceu, nem mesmo os aliados. O que só prova que nós brasileiros temos apenas um dever imutável: defender todos os brasileiros.

Comparo a situação atual desse último ano ao filme O Poderoso Chefão: parte 2. Qual foi o momento em que todo o império Corleone esteve em risco? Quando Fredo, o irmão do Don Corleone, se aliou aos inimigos da família, contrariando um ensinamento dito pelo próprio Don, no final do primeiro filme: “nunca se alie a alguém contra a família novamente”.




A cegueira

Tem havido uma cegueira diplomática há pelo menos uns 6 meses, com muitos justificando problemas diplomáticos através da perspectiva militar, algo que serviu até como mote político em eleição e ainda serve como argumento pra invalidar opiniões alheias: "você não luta, não pode falar nada".

Porém, se analisarmos friamente, quantos relacionamentos foram construídos este ano? Os EUA estão mais distantes do que nunca, o Chile é importante por motivos geográficos, mas até eles foram hostilizados em alguns episódios, África do Sul foi tão desrespeitada, que os que nos apoiavam simplesmente aceitaram o que os não apoiadores diziam, perdemos apoios na Oceania, na Ásia; Europeus já nos colocaram em segundo, se não terceiro plano. Arrisco dizer que apenas a Croácia dá atenção ao Brasil hoje e, mesmo assim, por interesses futuros, garanto.

O exercício é bem simples e vai muito além de milícias, EB e afins: se o Brasil tem 100 soldados, eles podem se odiar, se xingar, se bater, se humilhar internamente, mas quando é preciso apoiar os aliados, seja qual for, todos os 100 tem que lutar juntos. A partir do momento que um aliado do Brasil "deixa" de ser aliado de alguém por motivos torpes, deixamos de lutar com 100 soldados, deixamos de ter o mesmo peso de antes, deixamos de ser tão importantes e de ser tão ajudados.

Por isso, defendo que a diplomacia tem que parar de ser usada como moeda política. Leiloar nossa soberania a países estrangeiros é fechar os olhos para a população. Discutamos política, partidos, mas sem colocar em risco toda a história do país.



Chega desse Palestina x Israel que o eBrasil virou. Aqui nenhum dos lados tem respaldo americano pra fazer o que quiser, então ou trabalhamos em uníssono ou vamos todos pra cova.

Todos fazemos parte da mesma família aqui. A família eBrasil, com suas subdivisões, com sua heterogeneidade, com seus defeitos e seus párias, mas mesmo assim uma família. Espero que um dia, apesar de todas as diferenças e desavenças, a comunidade volte a ser como era e possa ser novamente vista com respeito e temor por seus verdadeiros inimigos e com cumplicidade e segurança por seus aliados.



Obrigado,
Vigon,
a Ovelha Negra do eBrasil

In Omnia Paratus"