[ROLEPLAY] O PICADEIRO: Diário de Zeifer Von Miller

Day 1,126, 20:19 • Published in Brazil Brazil • by Booh



A Taverna estava cheia. Pessoas fugidas da Agência Petroleira entravam e decidiam não sair mais. Não havia como andar, cada cerveja pedida era um grito e a mulher taverneira passava a caneca para os que no balcão estavam e, de mão em mão, chegava a caneca ao dono. Meio cheia ou completamente vazia, dependia sempre da excitação no caminho ou da sede dos transportadores... Suor, embriaguez, até que a Sagrada Freyja quebra uma garrafa na cadeira, assustados, a taberna se quietou. “Quem será o próximo Grande Thor?” com uma voz determinada ela perguntou. Nomes começam a surgir por todo lugar, mas apenas quatro estavam disponíveis. Dinossauro, o Primeiro Thor; Ryan Cullen, o Segundo Thor; Gulitiwi, o pato e Booh, o palhaço. Conversou-se, brigou-se durante toda noite e nenhuma decisão foi acertada. “Uma corrida, construam seus carros e daqui a 3 dias, decidiremos quem será o Grande Thor” esbravejou Lisbela.



“Está na hora!”, bradou Waxton. “Emendamos os três dias?”, perguntou nuutxer, levantando a cabeça da mesa. “Por três dias e três noites bebemos...” respondeu Waxton. A Taverna foi acordando aos poucos com o diálogo, antes não mais que a mulher taverneira estava em pé. “Pois bem, vamos à corrida!” incentivou Lisbela. Os que ainda podiam ficar de pé, caminharam até a rua e puderam ver Ryan Cullen empurrando algo bem grande que estava coberto por um grande lençol branco. Alguns minutos depois, de um lado chega Booh, também empurrando algo volumoso, coberto por um tecido estrelado, muito possivelmente, uma lona de circo, e do outro lado vem dinossauro que já dirigindo seu carro, não fez mistério algum. 10 minutos depois, chega Gulitiwi, ajudado pelo seu primo, Megaduck. Os dois empurrando o trambolho que coberto de folhas de bananeiras, fazia muito barulho.



Os quatro carros ficaram lado a lado em frente à taverna e direcionados ladeira abaixo. Dinossauro, com um modesto carro marrom, se gabava que somando a idade de todas as peças do carro, ainda sim o mesmo era 30 anos mais jovem que ele. Ryan, cuidadosamente puxou o lençol branco, “Ainda brilha no escuro” falou em um tom de superioridade olhando para o dinossauro. Era uma grande Phoenix de madeira, muito bem pintada. Vislumbrando o carro do Ryan, Booh, timidamente, retirou a lona que cobria o imenso volume. “Uma banheira!”, falou rindo Ryan Cullen. Era um imenso e brilhoso nariz vermelho que muito se assemelhava a uma banheira modificada. Gulitiwi aproveitando que os 3 adversários estavam provocando-se, retirou as folhas de bananeiras. Era um imponente pato olhando para trás. “Pois bem, preparados?”, pergunta Lisbela. Todos entrando nos carros, gritam um animado “SIM!”.



“Uma volta na cidade e quem chegar aqui primeiro, será o Grande Thor”, falando isso e quebrando uma garrafa, deu-se o início a corrida. Gulitiwi sai na frente deixando um rastro de penas laranjas. Na boca do grande pato, ele enfiava as folhas de bananeira e por de trás do carro uma imensa fumaça era expelida. Ryan Cullen, vendo o pato ganhar velocidade, aperta o botão e uma grande chama impulsiona o carro ladeira a baixo. Sem pressa, Booh abaixa uma alavanca e um grande tecido sai da parte traseira da imensa bola redonda. Abaixando outra alavanca, o tecido toma forma, era um balão que já subia ao céu. Dinossauro confiante, liga o carro e inicia lentamente e vai ganhando velocidade com a descida. Ryan passa Guli que freneticamente vai alimentando o pato com as folhas de bananeira. Em terceiro, Booh voando baixo e em último e ganhando velocidade, dinossauro. Ladeira a baixo, uma curva e escuta-se uma grande risada, era o Booh apontando para o dinossauro. O carro do pré-histórico começa a desmanchar, porta, chassi, tudo começa a ficar para trás e desesperado, dinossauro dá um grito com o freio quebrado na mão. Passando reto pela curva, Dino bate em uma loja de cereal, já só com a metade do carro.


Com uma curva fechada, Guli retoma a liderança e Ryan cai para terceiro lugar. Booh em segundo começa a lançar balões d’água coloridos e quem assistia de longe, confirma que Ryan Cullen xingava o palhaço de todos os nomes que vinha a sua cabeça enquanto ficava encharcado. Uma nova curva a frente, Guli, muito atrapalhado, com a asa do seu carro, esbarra em um dos barris que estavam na frente da Agência Petroleira e derruba uma grande quantidade de óleo na curva. Booh em segundo, ainda avistou Ryan derrapando e batendo nos outros barris de petróleo. Um pequeno incêndio começou, mas logo foi contornado pelo Ota e seus amigos. Lembro ainda, do Urubu Rey resmungando “Phoenix e petróleo definitivamente, não combinam!”.



Com aproximadamente 5 metros de vantagem, Guli parece administrar bem a dianteira e ser o provável vencedor. Porém toda história tem seus altos e baixos e quando o pato foi pegar uma folha de bananeira para alimentar o patomóvel, percebeu que não mais haviam folhas. Em um pitt stop forçado, Gulitiwi entrega a ponta ao Booh. Parando a alguns metros da casa de Mahdi Cleitus, Gulitiwi decide ir a pé e pedir mais combustível. Mahdi Cleitus, generosamente, ofereceu alguns textos antigos para alimentar o pato possante. Neste momento, Booh estava a uns 100 metros de distância e não mais parecia poder perder. Porém um vento do sul, mesmo vento que faz com que os patos voltem para o norte, desestabilizou o balão jocoso. Uma curva antes de entrar na ladeira da Taverna, mais especificamente, na rua da URB, o balão circense, girava sem controle no ar, quando que bateu na enorme fachada dos republicanos. A multidão incrédula, viu Booh dependurado no balão furado pelo fogo da logo da URB. Eu ainda pude ouvir o Urubu Rey resmungar: “Balão e fogo, definitivamente não combinam!”. Do cesto em forma de nariz de palhaço, caíram centenas de guizos que por sorte ou destino, anunciavam que o Gulitiwi iria passar o que sobrara do Booh. Mais rápido que nunca, Gulitiwi faz a curva e cruza a linha de chegada. Com uma certa melancolia, Lisbela anuncia: “O Grande Thor deste mês é o Gulitiwi!”. Por mais três dias e noites, comemorou-se na taverna.




Foi assim que vi com meus próprios olhos, o último Grande Thor de minha vida.


In Memoriam,
Zeifer Von Miller


Criação: Booh
Revisão Lisbela



Saudosamente,