Um equívoco e uma bobagem
![Brazil](http://www.erepublik.net/images/flags_png/S/Brazil.png)
Varnhagen
![](http://2.bp.blogspot.com/-59WZOjinkec/TaJbLqkjLaI/AAAAAAAACRU/A22G1HhkTyc/s1600/don-quixote-windmill.gif)
Lembro que na minha vida pregressa, por uns 12 meses acreditei profundamente que era possível transpor, ainda que de forma não mecânica, conceitos e estruturas de pensamento do “mundo real” para o “emundo”. E me via fazendo contorcionismos conceituais de corar Conde Drácula, na tentativa de construir aproximações e pontos de convergência entre eles.
É óbvio e ululante que o jogo não inventou um sistema político novo nem novas relações de mercado, estranhas ao mundo real. Mas, é forçoso reconhecer, as ligações param por aí: pelo modelo republicano e seus penduricalhos, pela forma democrática de escolha dos mandatários, pelo sistema econômico baseado no mercado e, em parte, sujeito às leis de mercado. Digo em parte porque a imprevisibilidade deste, em virtude de constantes mudanças nas “regras do jogo” e de elementos externos que podem operar no mercado, como um verdadeiro “deus ex machina”.
![](http://www.msarh.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/09/pensar.jpg)
É comum observarmos na mídia, de tempos em tempos, artigos que propõem pensar o eRepublik a partir de conceitos do mundo real e, o que é pior, transpondo mecanicamente esses mesmos conceitos para o jogo. Às vezes sem mesmo uma tentativa de adaptação, de reelaboração, de forma pura e seca. E aí perdemos algo de fabuloso que o jogo nos proporciona: a partir do que é dado, refletir e criar, dentro dessa e-realidade, modelos explicativos próprios, conceitos e paradigmas que nos permitam explicar e desvendar os meandros do jogo, de forma mais aprofundada.
Aqui não somos fascistas ou comunistas in game. É impossível assaltar o poder (excetuados os casos de TO, mas aí é outra coisa), assim como criar um sistema ditatorial, fechar o congresso, expropriar o indivíduo, fazer uma reforma agrária, criar censura ou executar seus oponentes. É possível, isso sim, criar mecanismos de distribuição de renda, políticas compensatórias ou assistenciais e por aí vai. Mas fica nisso. O resto é conversa fiada ou ingenuidade que, efetivamente, não contribuem para o bom andar da carruagem, como se diz em Minas.
Entender isso é dar um passo a mais dentro do jogo, se libertando de amarras inúteis e criando a possibilidade de experimentar e pensar o e-mundo a partir de novas nuances e novos matizes. O resto, como também se diz em Minas, “é café pequeno”.
![](http://galileu.globo.com/edic/152/imagens/semduvida_03.jpg)
Um abraço, ex cordis,
Varnhagen, aka Mahdi
Comments
Tentar comparar este jogo com a RL é de fato lutar com moinhos de vento.
Vc acha mesmo que é possível entender o que se passa pela cabeça de Plato? Esta imprevisão não possibilita pensar no jogo da forma proposta.
Algumas nações estão fortes num dia e em outro estão na merd@...
o Legal de tudo, é que tanto aqui no jogo quanto na vida real, o Brasileiro contunua com uma capacidade grande de se adaptar às mudanças, e por isso somos fortes.
Em que pese algumas polarizações e radicalismos, somos todos farinha do mesmo saco, mas uns continuam no saco e outros foram prá "panela"...
Primeiro artigo do Mahdi que voto nos últimos 15 meses. Valeu a pena.
votado!
excelente a figura do moinho
@cara de gato: concordo em parte contigo. Mas, assim como no mundo real, tudo tem sua cota de imprevisibilidade e de fortuito. Sou historiador no RL e lhe digo: o fortuito tem um peso imenso na história. O negócio é: novo cenário, novo arranjo conceitual. É isso.
abs,
Varnhagen, aka Mahdi
Ótimo artigo.
Alias, esse enfoque é base ideológica do odin. Tem que jogar pelas regras do jogo e nao ficar idealizando um modelo da RL.
Espero que os extremistas do teu partido entendam o recado.
Muito bom, de longe o artigo da semana!
abs
Muito filosófico pro meu gosto.
Mazarino resumiu bem meses de conflitos.
votado correndo.......
Votado.
Só não gostei porque você e o Mazarino, no comentário, furaram a conclusão de meu artigo!
Muito bom o artigo! Votado!
E concordo com o que o Mazarino escreveu, a base do ODIN é - ou ao menos era - jogar o jogo pelas regras do próprio jogo : ]
Mahdi lives.
V+S
Ótimo artigo! Um dos mais bem escrito que já li no eRep!