Na Rota do eChamado - Cap. I

Day 1,467, 07:27 Published in Brazil Brazil by SKITAZAM
Foi numa noite tranquila, saboreando “aquele” doze anos presenteado por minha irmã, onde nada mais poderia ser pior que algumas baixas no poker e o aluguel vencido do escritório. A secretária eletrônica estava lotada de recados que variavam de credores a ex-namoradas que viviam na tensa expectativa e fiel torcida por um retorno ao tempo das vacas gordas. Mas nada era tão consolador quanto o Maverick GT herdado da coleção de meu pai, e me lembro como se fosse ontem quando o encontramos descansando no fundo do pátio de um ferro velho, exposto ao sol e à chuva e depois trabalhamos duro para fazer dele ainda melhor que sua versão original, com peças de reposição importada, motor V8, 8 cilindros e que fazia o chão tremer num “rugido” que ecoava por fome de asfalto. Atravessando o asfalto de um ponto ao outro do EBR, por onde passamos, que se desenrola a história de uma missão inusitada, com algumas surpresas pelo caminho, entre personagens polêmicos e mistérios decifráveis.







Eu já tinha dispensado minha secretária para ir a um chá de bebê Erepublikano que precederia a outro evento, que todos chamavam de babyboom. Alguns nascimentos legítimos no EBrasil mas que também vinham acompanhados de uma “simbiose” do sistema, que amontoava um batalhão de clones também conhecidos de multiple accounts ou fakes, havendo alguns entre nós até os dias atuais na sua evida adulta e que se desdobram em multi-personalidades. Dizem até que há casos bizarros do cidadão olhar no espelho e deparar-se com seu outro avatar. Alguns acabam enlouquecendo e ficam vagando como E.Ts em dias de eleições.
Mas após a saída da Sharon, minha secretária, terminei a dose e já estava de saída quando o telefone toca: “O Chamado” – Pensei comigo – “Já vi esse filme antes”. Parei por alguns segundos relutante em atender mas os credores costumam ligar de manhã e nesse caso, sobrou mesmo a “Samara”:

- Alô – Atendo despreocupado.

- Alô! É você mesmo que atendeu... – Num tom irônico de alguém que não costumava usar vaselina e eu reconheci aquela voz.

- Pois é , a Sharon saiu mais cedo para ir a um chá de baby com suas “amiguxas” do Sul, mas, diga-me como vão as coisas por aí ? Ainda servem cafezinho pelos corredores desse departamento? - Pensei em sair pela tangente mas acabei cedendo ao diálogo com um velho amigo, introduzindo uma piadinha, claro...

- Hahaha! Sim, servem o melhor café , por “puro patriotismo” e você sabe bem disso. Mas na verdade, estou te ligando porque as coisas por aqui estão um pouco confusas. Preciso que você venha pegar um documento comigo e aqui eu lhe darei as primeiras coordenadas. Isso é tudo que posso dizer até o momento - Ao final de sua resposta , ficou evidente que se tratava de algum trabalho e onde há trabalho, há gold. Nesse ramo em que me meti, não esplanávamos detalhes pelo telefone, mas antes de uma confirmação, precisei ponderar:
- Não sei se posso entrar aí. Faz tempo que não uso meu cartão de acesso e também não me lembro a senha.

-Porque você não atualizou isso com o “Chaveiro” ? Era só pedir a ele, ora bolas... – Eu ri. Por um segundo eu pensei que estivesse em “Matrix”, mas o termo usado por meu amigo fazia sim algum sentido e antes que eu pudesse terminar a risada, ele completa:

- Não! Não! Melhor você não pedir, porque podem dizer que você é um agente desinteressado, que andou afastado por muito tempo e isso comprometeria tudo ao direcionarem as atenções sobre você. – Fiquei surpreso por sua conclusão reversa e preocupado com a eventual situação que se desenhava. Marcamos então às 08:00 horas do Novo Mundo no Escritório Central do EBR (uma espécie de World Trade Center - EBR) , local em que ele trabalhava, por onde circulavam muitas pessoas e onde funcionava o Congresso EBrasileiro.

Acordei bem cedo no dia seguinte, liguei o possante Mav. e partimos para o compromisso com 40 minutos de folga. Tudo estava tranqüilo no trajeto até a “fortaleza” (WTC), enquanto pensava numa forma de adentrá-la sem ser notado, no CD do carro tocava “Break on through (To The Other Side) – The Doors”.

Entre uma música e outra, em frações de segundos de um rápido silêncio eu tinha a estranha sensação de estar sendo observado até que, num determinado momento, ao fazer uma curva mais fechada, ouço um barulho esquisito e algo caíndo no banco traseiro. Pausei o CD e ajeitei o retrovisor para melhor visualizar, sem tirar o foco da direção. Para minha surpresa era um boneco, daqueles bem estranhos. Parei o carro no acostamento e fui verificar o boneco. Uma espécie de palhaço bizarro. “Mas que p*rr@ é essa? Halloween?” – Pensei .




Mas vagamente me lembrava de conhecer aquela figura de algum lugar. Na dúvida, não me desfiz do boneco e pensei aproveitá-lo doando para alguma criança carente. Alguns babies também curtem esse tipo de brinquedo, então, peguei o “primo do chucky” e joguei no porta-malas. Contratempo transposto e objetivo a seguir, então, meti o pé na estrada e acelerei.

Chegando no local, tratei de esconder o carro dos olhos de conhecidos ou curiosos nos fundos do edifício onde viviam meia dúzia de gatos pingados, que se revesavam como pedintes e ambulantes. Mal saio do carro, uma figura bem apessoada esbanjando gold na vestimenta me observa sorrateiramente do outro lado da calçada. Lentamente, finjo atender uma ligação no celular enquanto estudo o gestual do curioso e avalio a melhor incursão, pelos fundos ou pela entrada principal.

Continua...

Capítulo II - “Pelos corredores do WTC”



Escrito por: Evandro Martins R.
Este é um artigo independente feito por um jogador anônimo. O que está escrito aqui é de inteira responsabilidade do autor, não é de responsabilidade do Topics About The World.